
Eu cultivo borboletas.
Borboletas no estômago é o que eu tenho.
Elas vêm sempre que a tarde prevê uma emoção, ou sempre que a vida fica mais empolgante.
Eu cultivo borboletas no estômago e elas me visitam, dia ou outro, em forma de lembranças ou de novidades. Elas me animam. Arrastam-me da monotonia e me predizem algum sorriso.
Na verdade, nem sempre elas trazem um sorriso, mas eu prefiro pensar que é o que vão trazer.
Tem vezes que elas estão tão incontroláveis, que chegam a me desconcertar. Fecho a boca e fico com medo que elas escapem e eu me torne, para sempre, a garota que fala borboletas.
Fecho os olhos e respiro bem fundo, peço que se controlem, que não me façam de louca.
Às vezes, elas me escutam. Mas não é sempre não.
Às vezes, elas batem tanto as asas e se esbarram tanto umas nas outras, que chega a doer.
Mas as minhas borboletas me animam o dia e eu não as trocaria por nenhum buraco vazio.
Elas dão aquela sensação inevitável e calorosa, sabe?
Aquela sensação de que estou viva.